quinta-feira, 27 de junho de 2013

Já fui rio

Pháp Giang foi o nome me dado por Thich Nhat Hanh. Giang significa rio e pháp, Dharma, em sino-vietnamita. Meu amigos franceses me chamavam de Frère Rivière, alguns amigos ingleses me chamavam de Brother River e os vietnamitas brincavam me chamando de Brother Amazon.
Nunca pensei ter merecido esse nome. Os nomes de monges, segundo se diz, são como koans. Deve-se refletir sobre ele e descobrir algo sobre si mesmo.
É a minha herança da minha época monástica. Todos os dias penso sobre isso, afinal, rio é uma grande metáfora.
Serei eu um rio?
Terei sido um rio?
Que rio é esse que corre dentro de mim?
Que rio é esse que eu navego todos os dias?
Que fluxo é esse, além de todos os meus pensamentos, é claro, que, ás vezes, toma conta de mim?
O rio corre e eu corro e tento não não correr.
Não procuro ver as margens como opressão, mas como algo que está ali para eu transformar - afinal, não há margens que resistam ao rio, depois de algum tempo.
E as margens viram sedimentos.

Rios de lembranças também.
Rios de vidas, de carros, de água.
Rios que se transformam em lagos, lagos que que se movem e se transformam em rios.
Sou um rio, se sou algo...Como todo mundo.
A diferença é que fui rio, uma vez.

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