terça-feira, 9 de setembro de 2014

Minha porta

A louca passou pela minha porta
E deixou seus maus pressentimentos fictícios.
Ao vê-la partir, lentamente,
(como algo que não se sabe ao certo se se aproxima ou se afasta)
Submergi por um segundo nessa dúvida mesma:
Se aproxima ou se afasta?

O louco passou pela louca,
Mas não como um louco... Como um não-louco...
E deixou seus pressentimento verdadeiros:
O dia de amanhã que ele adivinhava.
O nascer do sol de amanhã
E as luas das próximas noites,
E, junto, as estrelas que estarão nelas, visíveis ou encobertas.
Os pássaros que hão de cantar
E as formigas que irão comê-los quando morrerem.
As folhas verdes do porvir
E a amarelidão que fatalmente se seguirá...
A beleza da lua em mim
(enquanto ela não desponta lenta no horizonte diante de mim)...
Os ciclos,
As eras,
As heras...

A minha porta...Sempre vizinha dos loucos,
dos não-loucos,
dos que não se sabem loucos,
dos que não se sabem
                           não-loucos...]