O silêncio só nos devora quando temos algo a dizer.
O silêncio devorador tem sempre algo a dizer que não por meio do próprio silêncio.
Está sempre cheio de palavras,
ruídos,
sons,
cor,
intenção,
ação,
gesto.
O silêncio devorador não é silêncio,
mas angústia sem sons,
boca fechada,
mãos atadas,
bomba-relógio.
Eu busco um silêncio que é tão silencioso que pode até conter sons.
Que é tão expressivo que dispensa palavras.
Que é tão sólido que age mais do que a ação.
Que é puro e mudo gesto.
O teu silêncio são nuvens cinzas de chuva que buscam o meu solo para chover
E o meu solo seco se abre para a tua chuva.
Mas o que brotará dessa água
Se nada tiver sido semeado?
O meu silêncio é um solo seco em busca de chuva.
Tudo brotará quando a água vir.
O meu silêncio é a caatinga depois da chuva
E o cheiro de mato que sobe e se espalha com o vento.
Os animais vêm e se sentam em minhas poças.
As plantas ficam verdes,
As jaçanãs ficam fartas.
O ar, úmido.
E eu faço as pazes com o sol.
Nenhum comentário:
Postar um comentário